
O que diz a Igreja sobre o Matrimônio?
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Um convite à profundidade
Você já parou para pensar por que o Matrimônio é considerado um sacramento? Em meio a tantos preparativos — vestido, igreja, flores, ensaio — às vezes esquecemos de olhar com calma para o que realmente acontece ali, no altar.
E como fotógrafo católico, que já acompanhou tantos “sins” ditos com lágrimas nos olhos, posso te dizer: existe algo muito maior do que emoção naquele momento. Existe um mistério profundo, que vale a pena conhecer e viver.
Hoje, quero te convidar a mergulhar um pouco mais no sentido do Matrimônio à luz da fé da Igreja. Nada pesado, nem teórico demais. Só um bate-papo — de coração pra coração.

O que é um sacramento, afinal?
Sacramentos são sinais visíveis de uma graça invisível. Ou seja: são realidades humanas (como a água do batismo, o pão e o vinho da Eucaristia, o sim do Matrimônio) nas quais Deus realmente age. Ele toca, transforma, consagra.
No Matrimônio, o casal que se ama diante do altar não está apenas celebrando o amor humano — está vivendo um sinal concreto da aliança de Deus com a humanidade. O amor de vocês, abençoado por Deus, se torna canal de graça.

O que o Catecismo ensina?
A Igreja não vê o casamento como um costume cultural que foi abençoado ao longo dos séculos. Ela o reconhece, desde sempre, como algo sagrado, instituído pelo próprio Deus. E, em Cristo, esse vínculo foi elevado à dignidade de sacramento.
“O matrimônio cristão é um sinal eficaz, o sacramento da aliança entre Cristo e a Igreja” (Catecismo da Igreja Católica, §1617).
Isso é muito forte! Porque significa que o amor entre um homem e uma mulher pode espelhar o amor de Cristo por sua Igreja — um amor fiel, gratuito, fecundo e total. Cada gesto de cuidado, perdão, paciência, fidelidade... tudo isso passa a ter um valor sobrenatural.

O amor de vocês é imagem da aliança de Cristo
Na carta aos Efésios, São Paulo escreve que o marido deve amar a esposa como Cristo amou a Igreja (Ef 5,25). E Cristo amou com tudo: deu sua vida, perdoou, lavou os pés, ofereceu-se.
Esse é o modelo do Matrimônio cristão: um amor que não é só sentimento, mas decisão diária de entrega, sacrifício e construção de comunhão. E a esposa, por sua vez, é chamada a corresponder a esse amor com respeito, confiança e também entrega.
Não é fácil. Mas é divinamente belo.

A missão dos esposos: santificar-se juntos
Você já pensou que o seu casamento é um caminho de santidade?
Muita gente acha que para ser santo precisa estar no convento, no mosteiro, no altar. Mas a Igreja ensina que o matrimônio é uma vocação — um chamado específico de Deus para alguns.
“É próprio do amor conjugal ser total, isto é, uma forma muito especial de amizade pessoal em que os esposos generosamente compartilham tudo, sem reservas, sem cálculos, sem colocar condições. Quem ama dessa forma, dá-se totalmente e não apenas em parte.” (São João Paulo II, Familiaris Consortio, nº 11)
Essa amizade profunda é também uma aliança de ajuda mútua: um deve ajudar o outro a se aproximar de Deus. A vida a dois se torna, então, um caminho espiritual.

O "sim" no altar: mais do que emoção
Como fotógrafo, já vi muitos “sins” ditos com nervosismo, com a voz embargada, com o coração acelerado. É um momento lindo, cheio de emoção. Mas a Igreja nos lembra que não é só um rito bonito ou uma formalidade social. É um verdadeiro ato sacramental.
Naquele instante, os noivos são os ministros do sacramento. Sim, são vocês que se casam — o padre é a testemunha qualificada da Igreja, mas quem realiza o sacramento são os noivos, ao consentirem livremente um ao outro, diante de Deus.
E a partir daquele momento, vocês recebem uma graça especial, uma força vinda do alto, para viver a missão de esposos e, se Deus quiser, de pais.

Um convite à profundidade
Se você chegou até aqui, é porque algo no seu coração deseja viver um amor que vá além do raso. Um amor com sentido, com raiz, com fé. E que bom que é assim.
Casar na Igreja não é uma formalidade — é um encontro real com Deus que abençoa, consagra e transforma. E quanto mais vocês conhecem a beleza do sacramento, mais o coração se alarga para recebê-lo bem.
Não se trata de fazer tudo “certinho” ou ter um casamento “perfeito”, mas de viver com consciência e entrega. De saber que, naquele dia, diante do altar, vocês estão dizendo “sim” um ao outro e também a Deus.

Onde esse amor pode chegar?
Imagine o que acontece quando um casal decide caminhar junto com Deus: rezando juntos, perdoando-se com humildade, acolhendo os filhos com amor, ajudando-se nas fraquezas.
Esse casal se torna um sinal vivo do amor de Cristo no mundo. Num tempo em que os relacionamentos são tão frágeis, vocês podem ser farol. Testemunho. Esperança.
E tudo começa com um “sim” bem dado — consciente, maduro, cheio de fé.

Conclusão: uma aliança que é para sempre
A Igreja não abençoa qualquer amor passageiro. Ela abençoa o amor que se compromete, que se doa, que quer durar para sempre. Porque esse amor é reflexo do próprio Deus, que é eterno, fiel e misericordioso.
Então, se você está se preparando para o Matrimônio, que esse tempo seja de profundidade. Converse com seu noivo, com o padre, com casais que já vivem essa vocação. Reze. Leia. E, acima de tudo, abra o coração para acolher a graça.
Porque o Matrimônio não é apenas um passo — é uma resposta a um chamado de amor.